Que uma boa parte da direita odeia carnaval, todo mundo sabe. Que uma parte da direita já gostou muito de carnaval, muita gente também sabe. E que uma parte dessa parte, que já gostou de carnaval, gostaria muito de voltar a gostar, pouca gente sabe ou assume saber.
Noves fora as redundâncias propositais com as palavras parte e gostar (para mostrar a divisão e os interesses de cada parcela de um grupo na sociedade), gostemos ou não, tem carnaval todo ano. E pra quem é do Rio, os desfiles começaram já na sexta-feira.
E como para a maioria, para mim também o carnaval já deixou de ser carnaval, restando apenas uma saudade de boas músicas, letras e melodia, que contavam nossa história, nossa cultura, nossas origens, ainda que com algumas imprecisões históricas e imposições de narrativas por quem "contava o conto".
Vou começar falando de algo que não é surpresa, muito pelo contrário, era mais do que previsível. Todavia, precisa ser falado e destacado. E infelizmente não é coisa boa para nós, não progressistas.
Na noite de sexta tínhamos um Deputado Federal que se destaca por eventos como dar tapa na cara de outros Deputado, desfilando na Sapucaí como um verdadeiro patrono (tal qual os bicheiros) de Escola de Samba. Era o Quaquá, do PT, à frente da União de Maricá, da cidade do mesmo nome, onde ele é candidato a eleição desse ano.
Tenho pouco acompanhado os desfiles e busquei (ainda poucos por que realmente não tenho mais prazer em fazer isso) análises sobre os desfiles das Escolas de Samba do grupo de acesso. E muito por conta da União de Maricá e o uso da escola pelo o partido.
A esquerda sabe, como ninguém, mudar o sentido das palavras e das coisas. Investimento em cultura na verdade é propaganda do regime, e isso já faz muito tempo. E se antes isso acontecia através de enredos pautas em grandes escolas, dfesde a época do Getúlio Vargas, estamos agora num segundo momento, onde o projeto é a própria "escola camarada", meus camaradas.
Segundo o jornalista Aydano André Motta, do grupo O Globo, comentando o Carnaval pelo grupo Bandeirantes, na TV, marido da também Jornalista, Flávia Oliveira, comentarista de política da Globo News, a Prefeitura "investiu" assustadores R$8.000.000,00 (oito milhões de reais - verba de escola de grupo especial), além do cerca de R$2.000.000,00 (dois milhões) da subvenção da liga organizadora.
O jornalista ainda comentou durante o desfile que isso é "investimento em cultura", que a prefeitura rica, transformou a escola que fazia sua estréia na Sapucaí a ganhar o apelido de rica, entre as outras escolas, onde dinheiro não era problema e que esses investimentos estão sendo feito para realmente criar uma infraestrutura para levar a escola ao Grupo Especial.
São exatamente 12:14 (meio dia e quatorze) do domingo (11) e o twitter da prefeitura de Marica está assim:
Sim, um tweet da Prefeitura do Rio, repostado pelo Prefeito Eduardo Paes. Já no tweet do Eduardo Paes só aparece mais um tweet sobre os dois dias de desfile na sua timeline, onde elogia um novo carnavalesco que ganhou a premiação do Jornal O Globo, o tradicional prêmio Estandarte de Ouro. Enfim, parece que o Dudu gostou mesmo da escola do PT.
Uma pergunta que gostaria de fazer ao jornalista se todo esse esforço de investimento em cultura não caracteriza campanha antecipada para o pré-candidato do partido que domina a Prefeitura, o PT.
Preciso falar da lacração que a referida escola levou pra avenida. O enredo “O Esperançar do Poeta”, é uma homenagem ao papel social, cultural e humanitário presente no ofício do compositor. Na sinopse do enredo, diz o carnavalesco o seguinte:
"Paulo Freire, grande educador brasileiro, uma vez escreveu sobre a Pedagogia da Esperança, onde dizia: “É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera.’’ Esperançar é a capacidade de olhar e reagir àquilo que parece não ter saída. Por isso, é muito diferente de esperar; temos mesmo é de esperançar. Esperançar é ser capaz de buscar o que é viável para fazer o inédito. Esperançar significa acreditar no que parecer ser impossível."
Obviamente que o "esperançar" do Patrono da Educação Brasileira escolhido pela esquerda, mistura aí conceitos de agir, lutar e ter fé e, ao mesmo tempo, tira o significado original da palavra, indo no caminho da novilingua.
Mas não para por aqui, não basta o enredo lacrar, o samba precisa lacrar e assim foi feito. Destaco aqui a primeira estrofe e o refrão.
Neguinho, vadio, vagabundo
Sou muito mais que isso
Posso ser o que quiser
Talento, pé descalço, corre mundo
Todos que me excomungaram
Tem que aplaudir de pé
No meu barraco, luxo é ter educação
Saúde, boa prosa, um prato de feijão
Progresso é feito pelos meus iguais
Você sabe quem é quem quando vem os temporais
Escrevendo à luz de Velas, operário da canção
Construindo a poesia que edifica o coração
É o povo no poder com orgulho de falar
Maricá é meu país! Meu país é Maricá!
Que a esquerda sequestrou o Carnaval todos já sabemos. O que poucos atentam é como nós ainda não acordamos para o fato de que se individualmente não gostamos de algo, que isso deva ser deixado de lado e ocupado ainda mais facilmente pela esquerda.
Subjetivamente, nesses trechos da letra encontramos sectarismo, racismo, vitimização, desconstrução de personalidade, enfrentamento aos ensinamento cristãos, falsa ideia de progresso através de serviços básicos prestado pelo Estado além de, obviamente, culto aos líderes e ao regime na cidade controlada pela esquerda. Lembrando que Quaquá teve que lidar com fortes enchetes no município quando fora prefeito.
Com tanto investimento e dinheiro jorrando da cidade que arrecada bilhões de royalties de petróleo, qual faz jus por sua localização geográfica, o PT, a esquerda como um todo, vão dando mais destaques às pautas e suas narrativas, progredindo em direção a um regressismo que só faz mal a nossa sociedade, sem encontrar resistência nenhuma.
Mas agora vem a parte boa, a grata surpresa. E tudo depende dos olhos de quem vê e enxerga o copo meio cheio diante da realidade.
O bom coração do brasileiro médio e inocente, na maioria das vezes, diante dessa (imperceptível para ele) ação perversa do Gramscismo, ainda pulsa. E pela manhã, ao buscar informações sobre a escola do PT, me deparo com um destaque que diz que a Unidos de Padre Miguel, escola da zona oeste, escola que no passado, antes da atuação d contraventor, bicheiro, Castor de Andrade, já fora maior (ainda que pequenina) que a Mocidade Independente de Padre Miguel.
E a parte boa vem por algo que era curriqueiro em décadas atrás: um enredo exaltando nossa história e figuras realmente importantes do nosso país.
Cícero Romão Batista, figura ainda muito presente na cultura popular do nordeste do Brasil, o Padre Cícero,“O Redentor do Sertão”, nome do enredo. No ano em que o Padre Cícero completa 180 anos, a escola apresenta o enredo partindo da visão do imaginário popular sobre a vida do religioso, com grande influência da literatura de cordel.
Muitas vezes nos falta a dimensão e o poder de um evento como esse, que acontece todos os anos. Mas a cultura é assim, é a soma de tudo, dos hábitos, histórias e acontecimentos. Tudo isso que é cultivado por um povo e registrado, vivido, pensado e ensinado para no imaginário de quem aprende com aquilo.
Ainda que seja uma no meio de tanta escolass, no frigir dos ovos tivemos uma escola de samba falando de uma figura religiosa que só fez bem ao Brasil. Alguém que defendia os valores cristãos, no catolicismo, alguém que colocou Jesus como a referência de vida e o norte a ser seguido. Só isso já seria muito, mas tão pouco se tornou que é motivo de surpresa hoje em dia.
E se tornou pouco por que uma parcela da sociedade abandonou esse tipo de manifestação cultural. Enveredados por interesses como mercadológico-religioso ou pela falta de percepção dessa parcela da sociedade sobre o valor da cultura, o campo restou aberto para tão somente a esquerda contar suas narrativas, segundo o seu modo e seu objetivo.
O que antes era regra, nessa madrugada de sábado pra domingo, foi exceção. Não se falou de divisão da sociedade, não se falou de uma cor contra outra, não se falou da opressão, dos direitos, da mudança da cultura, de resgate de hábitos e celebrações pagãs, (ao invés de uma exaltação mitológica dessas tradições) que levam a sociedade a um regresso ao período pré-cristão ou qualquer outra pauta que o valha. Falou-se de um Padre, amado, respeitado, querido pelo povo do nordeste.
Povo esse, como próprio povo brasileiro, que sequer sabe ou imagina que Cícero Romão Batista foi uma das maiores vozes contra o comunismo, no Brasil.
"O Comunismo foi fundado pelo demônio. Lúcifer é o seu chefe e a disseminação de sua doutrina é a guerra do diabo contra Deus. Conheço o comunismo e sei que é diabólico. É a continuação da guerra dos anjos maus contra o criador e seus filhos."
Padre Cícero também escreveu um manifesto contra o comunismo, como relata pe. Gabriel Vila Verde, que lançou um livro sobre a história do célebre sacerdote nordestino com o propósito de “limpar o nome de um irmão que sofreu calado”.
“Caríssimos fiéis: que a fé vos salve!
A horda vermelha ameaça, com suas garras de abutre, destruir a nossa felicidade, perturbando a paz do Brasil em seus fundamentos seculares – a própria organização da família, célula-mater da sociedade cristã.
A Igreja de Jesus Cristo, que tem sido em todos os tempos visada com ódio e rancor pelos pregadores de ideias subversivas, é, nesta hora de graves apreensões para a grande pátria do Cruzeiro, o alvo predileto dos emissários de Satanás.
Acenando com a falsa bandeira do liberalismo, a besta fera do apocalipse atira suas patas de fogo contra a estabilidade de nossas instituições!
Ai daqueles que prestarem seu auxílio aos inimigos de Deus. As lavas ardentes do vulcão bolchevista lamberão a face da terra, e, sob os escombros da fé, calcinada pelas labaredas do Anticristo, ressurgirão Sodoma e Gomorra. De pé, cristãos do Brasil.
Guerra de morte aos que empunharem a bandeira vermelha do liberalismo, para estancar em nossas almas a fonte perene de fé e entregá-la inerme nos braços de Satanás.
Cegos serão todos aqueles que cerrarem os olhos à evidência da verdade!
Juazeiro, fevereiro de 1930. Ass. Padre Cícero Romão Batista”.
Obviamente nada disso foi falado e abordado pela escola, afinal, não tinha ninguém de direita lá pra engrandecer ainda mais o homenageado. Mesmo assim, não deixou de ser uma grata surpresa para os dias atuais.
Por fim, a escola é uma das fortes candidatas ao título do acesso. Assim como o Império Serrano, agremiação surgida com forte influência de trabalhadores que faziam parte do sindicato dos estivadores, mas que esolheram a nobreza, a Coroa Imperial Brasileira como símbolo e ainda hoje é motivo de muito orgulho da escola.
Todos conhecemos a batida frase e lugar comum que diz que "a direita precisa ocupar espaços". Que tal recuperar espaços?
Fonte/Créditos: Gustavo Reis
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