O presidente eleito dos Estados Unidos ,Donald J. Trump, afirmou que deseja substituir Christopher A. Wray, diretor do FBI, por Kash Patel, um crítico contundente da agência que defende o fechamento da sede do FBI em Washington, a demissão de sua liderança e uma reforma das agências de aplicação da lei dos EUA.
A nomeação planejada de Trump para Patel ecoa sua tentativa de colocar outro aliado partidário, Matt Gaetz, à frente do Departamento de Justiça como procurador-geral. A indicação pode enfrentar obstáculos no Senado, que precisa confirmá-la, e promete gerar impacto no FBI, que Trump e seus aliados consideram parte de uma conspiração do que chama de “estado profundo” contra ele.
Patel tem alinhamento com a visão de Trump de que parte do sistema de segurança nacional e aplicação da lei nos EUA precisa ser purgada de preconceitos e responsabilizada por investigações que consideram injustas contra Trump e seus aliados.
Patel “teve um papel crucial ao expor a farsa do caso 'Rússia, Rússia, Rússia', defendendo a verdade, a responsabilidade e a Constituição”, disse Trump em uma publicação em redes sociais ao anunciar sua escolha.
Ele descreveu Patel como “um advogado brilhante, investigador e defensor do lema 'América Primeiro', que passou sua carreira expondo a corrupção, defendendo a Justiça e protegendo o povo americano”.
Favorito entre a base política de Trump, Patel já trabalhou como promotor federal e defensor público, mas possui pouca experiência em aplicação da lei e gestão, características típicas de diretores do FBI.
Durante o final do primeiro mandato de Trump, Patel ocupou posições no Conselho de Segurança Nacional e no Pentágono. Antes de deixar o cargo em 2021, Trump cogitou nomear Patel vice-diretor da CIA ou do FBI. William P. Barr, procurador-geral da época, escreveu em suas memórias que Patel só ocuparia esse cargo “sobre o meu cadáver”.
O anúncio reflete também a forte antipatia de Trump por Wray, o atual diretor, cujo mandato de 10 anos só termina em 2027. Embora Trump tenha nomeado Wray, ele rapidamente se decepcionou com sua gestão.
Após perder a eleição de 2020, Trump disse a Wray que não o demitiria, mesmo tendo dispensado outros altos funcionários, como o secretário de Defesa Mark T. Esper.
No entanto, a relação piorou após a busca do FBI em Mar-a-Lago, propriedade de Trump na Flórida, em agosto de 2022, relacionada a documentos classificados. Trump sugeriu que Wray renunciasse antes de ser demitido.
Uma autoridade de aplicação da lei, falando sob anonimato, afirmou que “demitir o diretor do FBI logo após uma mudança de administração é extremamente perigoso”, destacando que a nomeação do diretor deve estar desvinculada de ciclos eleitorais presidenciais e da política partidária.
A Associação de Agentes do FBI não comentou diretamente a escolha de Patel, mas destacou o compromisso em preservar a independência e a eficácia da agência.
Funcionários atuais e ex-funcionários de segurança temem que um segundo mandato de Trump traga ataques à independência do FBI e do Departamento de Justiça. Patel, por sua vez, defende uma revisão radical da liderança do FBI, que ele considera “uma ameaça ao povo”.
Livro infantil sobre campanha de Trump e a Rússia
Ele também escreveu livros polêmicos, incluindo um infantil que relata de forma fictícia as investigações sobre os possíveis laços da campanha de Trump de 2016 com a Rússia.
Patel já afirmou que investigaria e possivelmente processaria jornalistas que, segundo ele, mentiram para beneficiar Joe Biden nas eleições.
A intenção de demitir Wray ecoa a decisão de Trump em seu primeiro mandato de remover James B. Comey da direção do FBI, ato que levou à nomeação de Robert S. Mueller III como conselheiro especial para investigar possíveis laços da campanha de Trump com a Rússia.
Enquanto Trump estava fora do cargo, Patel foi chamado para testemunhar em uma investigação liderada pelo conselheiro especial Jack Smith sobre documentos confidenciais que Trump teria mantido após deixar a presidência.
Informações são do O Globo.
Créditos (Imagem de capa): Kash Patel durante comício na campanha eleitoral de Donald Trump: aliado fiel e defensor de medidas polêmicas na condução do FBI — Foto: AFP
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