Tempestades de poeira do Saara transportam partículas para a Europa e outras regiões. Estes episódios provocam alterações na qualidade do ar, afetando a visibilidade e influenciando o clima. Estudos recentes indicam que esta poeira contém vestígios de radioatividade, resultado de testes nucleares realizados durante a Guerra Fria.
A radioatividade presente na poeira sahariana não se deve apenas aos testes nucleares franceses realizados na Argélia. Pesquisas revelam que os isótopos radioativos encontrados nas amostras de poeira têm origem em testes nucleares conduzidos pelos Estados Unidos e pela União Soviética.
Durante a década de 1960, a França realizou 17 testes nucleares no deserto argelino, enquanto o país ainda era uma colónia francesa. Estes testes expuseram milhares de pessoas à radiação. No entanto, a radioatividade encontrada na poeira analisada na Europa não corresponde exclusivamente às explosões francesas.
Apesar de nem os Estados Unidos, nem a União Soviética terem realizado testes nucleares no Saara, ambos efetuaram detonações em latitudes semelhantes ao sul da Argélia. Os detritos das explosões foram transportados pelos ventos e acabaram por se depositar no deserto.
Em 2022, explica a Stars Insider, tempestades de poeira do Saara cobriram os céus europeus. Investigadores analisaram amostras para determinar a sua composição. Os resultados mostraram que a poeira continha partículas radioativas, mas a origem dos isótopos não correspondia apenas às explosões francesas.
Cientistas franceses recolheram 53 amostras, procurando confirmar se os resíduos tinham origem na região de Reggane, onde a França realizou testes nucleares. No entanto, os níveis de plutónio identificados eram mais consistentes com os testes nucleares dos Estados Unidos e da União Soviética.
Os testes nucleares demonstraram que a contaminação radioativa não se limita à área de explosão. Os detritos podem alcançar altitudes de 8.000 metros e ser transportados pelo vento a grandes distâncias.
Uma campanha de participação cidadã em 2022 recolheu 110 amostras em seis países da Europa Ocidental. Os resultados confirmaram que a poeira provinha do Saara, mas os níveis de radioatividade correspondiam mais aos testes nucleares americanos e soviéticos.
Em 2000, um estudo realizado na Grécia analisou amostras de “chuva de poeira” durante um episódio de poeira sahariana. A investigação concluiu que os radionuclídeos identificados provinham do acidente nuclear de Chernobyl.
Especialistas afirmam que os níveis de radioatividade encontrados na poeira do Saara não representam um risco significativo para a saúde humana. O solo europeu apresenta valores semelhantes aos registados na poeira transportada pelo vento.
O maior perigo associado às tempestades de poeira é a degradação da qualidade do ar. A inalação de partículas pode provocar problemas respiratórios, sobretudo em pessoas com condições preexistentes.
Uma das doenças associadas à inalação de partículas em suspensão é a febre do Vale, uma infeção causada pela inalação de fungos presentes no ar.
A Comissão Europeia alerta que as tempestades de poeira influenciam o clima, a radiação solar e as condições meteorológicas.
A poeira sahariana pode ter efeitos de aquecimento e de arrefecimento. Por um lado, reflete a radiação solar e reduz a temperatura da superfície terrestre. Por outro, pode absorver radiação infravermelha, contribuindo para o aquecimento atmosférico.
A presença de poeira na atmosfera pode aumentar a precipitação sob determinadas condições, atuando como um fator de regulação climática.
A poeira sahariana contém ferro, fósforo e matéria orgânica, nutrientes essenciais para os ecossistemas marinhos.
Níveis elevados de poeira podem provocar “chuvas sujas”, reduzir a eficiência da produção de energia solar e causar danos em equipamentos mecânicos.
A bacia do Mediterrâneo é uma das áreas mais expostas a tempestades de poeira, devido à proximidade com o Saara.
O Saara e a região do Sahel são responsáveis por cerca de 70% da poeira atmosférica mundial.
Estima-se que cerca de 12% da poeira sahariana seja transportada até à Europa, principalmente durante a primavera.
Estudos continuam a ser realizados para avaliar o impacto a longo prazo da poeira radioativa e o seu efeito nos ecossistemas e na saúde humana.
A poeira vinda do Saara transporta partículas radioativas, resultado de testes nucleares da Guerra Fria. No entanto, os especialistas indicam que os níveis detectados não representam um risco significativo para a saúde. O principal impacto das tempestades de poeira continua a ser a poluição atmosférica e as suas consequências no clima e no ambiente.
Fonte/Créditos: Postal
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