O general Mário Fernandes, número 2 da Secretaria-Geral da Presidência do governo de Jair Bolsonaro (PL), teria tentado criar uma narrativa para culpar Flávio Dino, então Ministro da Justiça, pelas invasões de 8 de janeiro de 2023 às sedes dos Três Poderes, em Brasília (DF). É o que aponta o relatório de 884 páginas produzido pela Polícia Federal (PF) que torna o ex-presidente e outros 36 militares de alta patente e aliados indiciados por suposta tentativa de golpe de Estado.
Segundo a investigação, o general elaborou estratégias e documentos para atribuir a Dino a responsabilidade pela omissão que teria permitido as invasões. A principal evidência apontada pela PF é um caderno apreendido na casa de Fernandes, com anotações sobre a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos de 8 de janeiro de 2023.
No caderno – que consta o nome e o número de celular do general na primeira página -, são listados potenciais temas para serem abordados na Comissão de Inquérito, que insinuariam que o então ministro deliberadamente não tomou medidas para impedir os atos
– Nos materiais físicos apreendidos em poder de Mario Fernandes foram identificadas anotações que demonstram a atuação do investigado para criar narrativa com a finalidade de tentar atribuir ao então ministro da Justiça Flávio Dino a responsabilidade por omissão da tentativa de golpe de Estado realizada no dia 08 de janeiro de 2023, na cidade de Brasília (DF) – diz trecho do relatório da PF.
Na busca e apreensão, também foi encontrado um arquivo denominado “CPMI de 08 de janeiro de 2023” em um HD externo na casa do general. Segundo os investigadores, o conteúdo demonstra estratégias de atuação da oposição na Comissão.
– Um dos objetivos descrito seria imputar os atos golpistas ao governo eleito, afastando a responsabilidade do grupo investigado e, com isso, desgastar o governo com o afastamento de ministros e conseguir o impeachment do atual presidente da República – apontou o relatório.
General da reserva, Mário Fernandes foi um dos quatro oficiais presos pela PF no último dia 19, no bojo da Operação Contragolpe.
Segundo a investigação, ele era o articulador da suposta conspiração que contava com “detalhado planejamento operacional”, chamado “Punhal Verde e Amarelo”, previsto para ser executado em 15 de dezembro de 2022. O suposto plano envolvia o assassinato do então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
*AE
Créditos (Imagem de capa): Flávio Dino, ministro do STF Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Comentários: