O uso de celulares nas salas de aula é um desafio para educadores mundo afora. Pesquisas mostram que o uso constante dessas tecnologias pode afetar negativamente o desempenho dos estudantes, resultando em uma queda na qualidade do aprendizado. Em resposta a isso, vários países decidiram banir o uso de celulares nas instituições de ensino.
Na Europa, países como França, Holanda e Itália já têm leis em vigor ou em implementação para proibir o uso de celulares nas escolas. A China baniu o uso de celulares em suas escolas há três anos. Nos Estados Unidos, a legislação sobre o tema varia de estado para estado, com a Flórida sendo o primeiro a adotar uma proibição.
No Brasil, apesar de ainda não existir uma lei federal, o Ministério da Educação pretende enviar ao Congresso um projeto de lei para proibir o uso de celulares nas escolas públicas e privadas. Mesmo sem uma legislação vigente, diversas instituições de ensino já implementam essa proibição, como é o caso de uma escola particular na zona sul de São Paulo, onde o uso do aparelho é proibido e, segundo os alunos e professores, não faz falta.
A professora Débora MacLean relata que, sem o celular, os alunos ficam mais atentos e colaborativos. Segundo ela, como os estudantes não têm todas as respostas na palma da mão, eles se mostram mais curiosos, empáticos e participativos nas aulas. Milena Dib, de 9 anos, afirma que prefere brincar sem o celular, e Bruno Buratto, também de 9 anos, conta que suas atividades favoritas são brincadeiras tradicionais como esconde-esconde e pega-pega.
A proibição do uso de celulares em escolas tem ganhado força em várias regiões do Brasil. No Rio de Janeiro, a prefeitura baniu o aparelho tanto nas salas de aula quanto nos intervalos, e no Rio Grande do Norte, uma lei estadual já foi sancionada com a mesma finalidade.
Cerca de um terço das escolas no Brasil já restringem o uso de celulares, segundo uma pesquisa da TIC Educação. A Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda que as instituições de ensino adotem essa medida, apontando que o uso excessivo da tecnologia pode prejudicar o desempenho dos estudantes.
Segundo Gisela Wajskop, diretora de uma escola e socióloga, a proibição de celulares faz uma grande diferença na qualidade do ensino. Ela destaca que o uso de celulares desconecta os alunos do ambiente ao redor, limita o desenvolvimento de habilidades fundamentais como o afeto e a empatia.
Em outra escola, os alunos tinham a permissão de usar o celular durante os intervalos até o ano passado, mas essa prática foi proibida. Segundo a coordenadora pedagógica Eliana Barros, a mudança foi necessária porque os alunos estavam muito focados nas telas, a decisão de banir os celulares foi tomada em conjunto com as famílias. Para muitos estudantes, a adaptação foi difícil, mas Arthur Campos, de 12 anos, considera que a proibição ajudou a melhorar a concentração nos estudos.
Algumas instituições, além de proibir os celulares, ainda bloqueiam o acesso a redes sociais e plataformas de streaming nas redes de Wi-Fi das escolas. O objetivo é fazer com que os alunos se desconectem do mundo digital por algumas horas e se envolvam mais com o ambiente escolar e com os colegas.
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