O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deve ir à posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, marcada para 20 de janeiro em Washington D.C.
O petista declarou apoio à democrata Kamala Harris na disputa contra Trump, mas uma tradição da diplomacia norte-americana se tornou uma justificativa perfeita para o Palácio do Planalto evitar os constrangimentos de uma eventual ida do chefe de Estado brasileiro para a posse do republicano – aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Os EUA não recebem enviados estrangeiros, nem chefes de Estado, nem de governo, nem ministros, nem enviados especiais. Os representantes na posse são os embaixadores locais. Nenhum chefe de Estado vai”, disse ao blog um integrante do primeiro escalão do governo.
Fontes do governo americano ouvidas pela equipe da coluna confirmaram que a tradição da diplomacia dos EUA para as cerimônias de posse não inclui convites para a presença de chefes de Estado estrangeiros, mas frisaram que os convidados de Trump para o evento só serão definidos pela equipe de transição mais para frente.
Em entrevista ao GLOBO, Bolsonaro disse que recebeu a informação de que será um dos que serão chamados pela futura administração para a solenidade no Capitólio – mas ressaltou que precisará de uma decisão favorável do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para deixar o território nacional, já que o seu passaporte foi apreendido em fevereiro deste ano, em meio aos desdobramentos de uma investigação envolvendo a trama golpista para impedir a posse de Lula.
Bolsonaro também aproveitou para cutucar o petista.
“A informação que tenho é que vou ser convidado. Vou fazer uma petição para o Alexandre [de Moraes, ministro do STF]. Ele decidirá. Se indeferir, tem alguma alternativa? Eu fico no Brasil e assisto pela TV. Você acha que Trump vai convidar Lula para a posse? A não ser protocolarmente.”
Segundo o blog apurou, parlamentares da tropa de choque bolsonarista na Câmara e no Senado já se mobilizam para ir à capital americana prestigiar o retorno do republicano à Casa Branca, repetindo o movimento da caravana que foi à Argentina acompanhar a posse de outro líder do campo da direita, o presidente Javier Milei, em dezembro de 2023.
Um dia após as eleições nos EUA, Lula fez um aceno a Trump e foi às redes sociais parabenizar o republicano pela vitória, desejando-lhe sorte e sucesso.
“Meus parabéns ao presidente Donald Trump pela vitória eleitoral e retorno à presidência dos Estados Unidos. A democracia é a voz do povo e ela deve ser sempre respeitada. O mundo precisa de diálogo e trabalho conjunto para termos mais paz, desenvolvimento e prosperidade. Desejo sorte e sucesso ao novo governo”, afirmou.
Lula empregou um tom bem diferente daquele que usou ao declarar apoio a Kamala em entrevista ao canal francês TF1, exibida na semana passada, quando afirmou que o nazismo e o fascismo estão voltando a funcionar “com outra cara”.
“Com Kamala Harris é muito mais seguro para a gente fortalecer a democracia. Nós vimos o que foi o presidente Trump (...), aquele ataque ao Capitólio. Uma coisa que era impensável acontecer nos EUA, porque se apresentavam ao mundo como modelo de democracia. E esse modelo ruiu”, disse na ocasião.
“E, como eu sou amante da democracia, acho a democracia a coisa mais sagrada que nós conseguimos construir para bem governar os nossos países, eu, obviamente, fico torcendo para a Kamala ganhar as eleições”, acrescentou Lula.
Após a vitória avassaladora de Trump, conquistando todos os sete Estados-pêndulo (que ora dão vitória a democratas, ora a republicanos) que foram decisivos para a definição da disputa, a torcida no Palácio do Planalto é a de que as relações com a Casa Branca sejam baseadas em pragmatismo, e não em alinhamentos ideológicos.
As informações são do O Globo.
Créditos (Imagem de capa): O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em evento no Palácio do Planalto — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo
Comentários: