O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enviou, nesta segunda-feira (3), uma mensagem ao Congresso Nacional apresentando um balanço positivo dos dois primeiros anos de seu governo. No entanto, suas declarações não condizem com a realidade vivida pelos brasileiros, que enfrentam inflação crescente, aumento da carga tributária e dificuldades no mercado de trabalho.
O Brasil realmente “ficou menos pobre”?
Lula afirmou que “estamos comemorando os menores índices de pobreza da série histórica. A extrema pobreza caiu para 4,4%, ficando pela primeira vez abaixo de 5%. Nesses dois anos, o Brasil ficou menos pobre e menos desigual, com aumento dos salários, maior renda do trabalho e distribuição de renda mais justa.”
No entanto, dados recentes do Banco Central mostram um aumento expressivo no endividamento das famílias, enquanto a inflação continua corroendo o poder de compra da população. Além disso, a alta dos preços de itens básicos, como combustíveis, energia e alimentos, tem obrigado os brasileiros a cortar gastos essenciais, evidenciando que a melhoria citada por Lula não reflete o cotidiano da maioria da população.
Mapa da Fome: discurso otimista versus realidade
Lula declarou que “quando assumimos a presidência, o Brasil estava de novo no Mapa da Fome, com 33 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar. Em apenas dois anos, 24,4 milhões de brasileiros ficaram livres do pesadelo da fome. Chegaremos a 2026 tendo retirado o país, mais uma vez, do Mapa da Fome.”
Contudo, a alta no preço da cesta básica e a queda na renda real indicam que a insegurança alimentar ainda é um problema grave. Além disso, a distribuição de auxílios sociais não significa necessariamente a erradicação da fome, pois muitos beneficiários seguem sem acesso a emprego e oportunidades para garantir uma renda sustentável.
Crescimento do PIB ou ilusão econômica?
Lula celebrou que “a economia cresce mais, com mais investimentos, consumo, exportações e inovação. A indústria e o agronegócio estão mais fortes. A produtividade aumentou e o desemprego caiu. Em 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) aumentou 3,2%, quatro vezes acima da projeção do mercado. Para 2024, a projeção atual aponta para um crescimento de 3,5%, um dos maiores do mundo.
Entretanto, economistas alertam que esse crescimento foi impulsionado por fatores momentâneos, como a safra agrícola recorde e o aumento do consumo via endividamento, sem sinais concretos de uma recuperação econômica sustentável.
Além disso, o governo continua aumentando impostos para cobrir déficits, enquanto a dívida pública segue crescendo, colocando em xeque a ideia de um cenário econômico positivo a longo prazo.
Brasil no cenário internacional: prioridade ou distração?
Lula destacou que “Pela primeira vez, a Amazônia sediará as discussões sobre questões ambientais em nível global”, referindo-se à COP30 em Belém, além de mencionar eventos como a Cúpula dos BRICS e a conclusão de negociações para o acordo Mercosul-União Europeia.
No entanto, o protagonismo internacional não resolve problemas internos urgentes, como o aumento da criminalidade, a precariedade dos serviços públicos e a dificuldade de acesso ao crédito por parte dos empresários e trabalhadores.
O foco excessivo em pautas externas desvia a atenção de desafios imediatos, enquanto a população continua enfrentando problemas estruturais sem soluções concretas.
Discurso político x realidade dos brasileiros
Lula afirmou que “Nestes dois anos de governo, reafirmamos nosso compromisso com a democracia, o respeito às instituições e a relação harmoniosa entre os Poderes. Reafirmamos também o compromisso de promoção do desenvolvimento econômico com a inclusão social.”
Contudo, a realidade mostra um governo que tem enfrentado atritos constantes com o Congresso e abusado de medidas autoritárias para impor sua agenda.
O Brasil não ficou menos pobre — ficou mais endividado, mais vulnerável e dependente de um Estado cada vez mais inchado. O desafio para os próximos anos não será vender uma imagem positiva, mas enfrentar os problemas reais que atingem milhões de brasileiros diariamente.
Fonte/Créditos: Contra Fatos
Créditos (Imagem de capa): Reprodução
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