Apesar de estar entre os 10 tipos de tumores mais comuns no Brasil, o câncer de esôfago ainda costuma receber menos atenção do que outros tipos da doença. Um dos seus fatores de risco é o refluxo, uma condição digestiva corriqueira para muitas pessoas.
Frequentemente tratado com medicamentos de uso contínuo, ele nem sempre é inofensivo, como descobriu Georges Michel Sobrinho, de 82 anos. O morador de Brasília conviveu com azia e acidez estomacal por quase metade da vida. “Tomei remédio a vida inteira para conter essa questão do refluxo e da azia”, conta o jornalista aposentado.
O que é o refluxo?
- O refluxo gastroesofágico é uma condição digestiva em que o conteúdo do estômago volta para o esôfago de forma involuntária e repetida.
- Os sintomas mais comuns incluem: azia, queimação no peito (que pode se assemelhar a uma dor intensa), náuseas, dor no estômago, regurgitação e engasgos.
- O problema ocorre por uma falha no esfíncter esofágico inferior, a válvula natural que separa o estômago do esôfago e evita esse retorno.
- Entre os principais fatores de risco estão o excesso de peso, maus hábitos alimentares, consumo de bebidas alcoólicas e gaseificadas (como refrigerantes), cafeína e o tabagismo.
- O tratamento envolve mudanças no estilo de vida, como: perder peso, fracionar as refeições, evitar ingerir líquidos durante as refeições, restringir alimentos que agravam os sintomas e não se deitar por pelo menos duas horas após comer.
Georges buscou vários médicos em Brasília, mas seguia recebendo orientações para continuar com o uso de remédios para reduzir a produção de ácido no estômago. Nenhum dos tratamentos melhorava os sintomas.
Foi em uma consulta com um cardiologista a luz de alerta acendeu. “O médico perguntou sobre minhas fezes e eu expliquei que estavam escuras. Então, ele falou que eu poderia estar tendo algum tipo de hemorragia”, conta. Com o apoio da família, Georges passou por uma endoscopia. O exame revelou um tumor de 5 centímetros no esôfago.
O diagnóstico foi confirmado com um PET scan, exame de imagem que permite detectar áreas com maior atividade metabólica, como as células cancerígenas. A partir dali, veio o tratamento.
“Todos recusavam me operar”
Georges passou por 25 sessões de radioterapia e cinco de quimioterapia. O tumor diminuiu, mas não o suficiente para dispensar a cirurgia. O problema é que, com 81 anos à época, ele ouviu de diversos cirurgiões que a operação seria arriscada demais. “Os médicos diziam que não era para operar, que era melhor seguir com quimioterapia. Mas eu queria resolver”, conta.
Foi então que ele viajou para São Paulo, onde passou por uma cirurgia de oito horas feita com auxílio de um robô. A recuperação surpreendeu Georges: “Fiquei 12 dias no hospital, nenhum de dor. Nem pós-cirúrgica”, afirma.
Fonte/Créditos: Metrópoles
Créditos (Imagem de capa): Acervo pessoal
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