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O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está em negociações com a China para que uma empresa concorrente da Starlink, de Elon Musk, utilize a base de lançamento de Alcântara, no Maranhão, para enviar satélites ao espaço. As conversas se intensificaram desde a visita do ministro Juscelino Filho (Comunicações) à SpaceSail, empresa chinesa, no mês passado. A parceria pode ser formalizada durante a visita do presidente chinês Xi Jinping ao Brasil, logo após a cúpula do G20, que ocorrerá no Rio de Janeiro, nos dias 18 e 19 de novembro.

Parceria em Alcântara e Relação Geopolítica

“Estamos tentando avançar nessa parceria. Com Xi Jinping no Brasil, tentaremos tornar isso viável de alguma forma, na tentativa de conseguir que ele autorize”, afirmou Hermano Tercius, secretário de Telecomunicações, em entrevista à Bloomberg News.

Mesmo sendo recente no mercado de comunicação por satélite, a semelhança da tecnologia da SpaceSail com a Starlink pode levar a tensões na relação comercial entre Brasil e Estados Unidos devido aos esforços do governo brasileiro para tornar viável o uso da base de Alcântara. Há especulações de que Elon Musk, aliado de Donald Trump, possa assumir um cargo importante no governo republicano na Casa Branca, o que poderia afetar a relação com o Brasil.

Musk já protagonizou uma crise com o governo do Brasil ao questionar decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) relativas à suspensão de perfis e conteúdos na rede social X. Este episódio resultou no bloqueio do acesso à plataforma no Brasil por um período superior a um mês e na aplicação de pesadas multas. O acesso foi restituído depois que Musk se comprometeu a cumprir as decisões e saldar as penalidades.

Interesse Internacional e Competição

Hermano Tercius negou que as negociações com a China sejam uma forma de retaliação a Elon Musk e à Starlink. “Independentemente da questão que envolve o Starlink, é importante ter outra empresa para que haja concorrência, para que haja outra opção para os brasileiros”, destacou.

Ainda é necessária a autorização do governo chinês para que a SpaceSail utilize Alcântara. Além da SpaceSail, outra empresa visitada pela comitiva do ministro Juscelino Filho foi a Galaxy Space, que também aguarda autorização para operar fora da China.

A base de Alcântara, que chegou a ser oferecida aos americanos durante o governo de Jair Bolsonaro, atrai interesse de diversos países devido às suas vantagens econômicas estratégicas. A localização geográfica de Alcântara facilita lançamentos espaciais, o que pode impulsionar o crescimento da SpaceSail.

A empresa chinesa já lançou dois lotes de satélites, totalizando 36 unidades, e planeja expandir para mais de 600 satélites até o final do próximo ano. Em comparação, a Starlink já opera com mais de seis mil satélites, oferecendo banda larga em várias partes do mundo.

Outras empresas do setor, como a SpaceX e a Blue Origin, também demonstraram interesse em utilizar Alcântara, conforme relatado pela Bloomberg News. O governo brasileiro ainda avalia qual será a melhor forma de maximizar o uso da base, tanto do ponto de vista econômico quanto estratégico. As informações são da Gazeta do Povo.