Em meio ao desenrolar dos acontecimentos na Venezuela, a analista política Vera Magalhães observou que o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), prefere “colher um imenso desgaste doméstico e internacional” a “dissociar-se de um tirano”: o ditador Nicolás Maduro. Para a jornalista, a tentativa do petista de “normalizar” a crise no país vizinho pôs em cheque sua estratégia tardia de “cautela ensaiada”, e mostrou que, para Lula, a “defesa da democracia só vale contra a direita”.
– Ao derrapar feio mesmo no script de cautela ensaiada e tardia que o governo montou diante da pantomima chavista, Lula atrela seu mandato e, pior, o Brasil a uma ditadura sanguinária que deixa um rastro de mortes, violações de direitos e miséria na sua luta desesperada por manter o poder pelo poder, sem nenhum projeto visível para resgatar a Venezuela da crise em que ele próprio a mergulhou na sua escalada de terror – escreveu a comunicadora em análise no jornal O Globo.
Vera apontou que a ideologia “turvou a capacidade de discernimento” de Lula e do Partido dos Trabalhadores (PT), que insistem em um “alinhamento incondicional” a um regime que sequer investe na área social, contrariando a premissa do próprio socialismo que defende.
– Assim, por obra e graça apenas do presidente e de sua sigla, sem que a oposição bolsonarista tenha precisado mover uma palha, Lula internaliza uma crise que de forma alguma deveria ser sua, menos ainda do Brasil diante de suas muitas carências urgentes nos campos social, econômico e ambiental – assinalou.
Para Magalhães, Lula demonstra “teimosia” ao insistir em posições antigas que já não são mais respaldadas pela realidade.
– Lula deu a declaração de que está tudo normal na Venezuela mesmo depois da notícia de que há pelo menos 11 mortos em protestos no país, além da denúncia de perseguição a opositores e a ameaça explícita de Maduro de aprovar novas leis de exceções para se juntar ao seu extenso corolário de medidas ditatoriais – acrescentou.
Na avaliação da jornalista, o Ministério das Relações Exteriores transformou-se em um “um mero reprodutor de notas burocráticas” e, diante desse cenário, a defesa de Lula em louvor à democracia perde a credibilidade.
Fonte/Créditos: Pleno News
Créditos (Imagem de capa): Foto: Frame de vídeo / YouTube / Roda Viva
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