Anthony Fauci, o principal conselheiro da Casa Branca sobre o coronavírus, disse em depoimento no Congresso dos Estados Unidos na segunda-feira (3) que as vacinas contra a covid-19 foram eficazes para conter a propagação da pandemia, mas que não sabia de início que esse efeito teria duração limitada.
“A primeira aplicação das vacinas teve um efeito. Não foi 100%, não foi um efeito alto. Elas preveniram a infecção e, consequentemente, a transmissão. No entanto, é importante mencionar que algo que nós não sabíamos no início e se tornou evidente com o tempo foi que a durabilidade da proteção contra a infecção e, portanto, contra a transmissão foi relativamente limitada”, afirmou Fauci.
Assista abaixo à declaração (1min03s):
A declaração de Fauci faz referência ao fato de que, logo que as primeiras vacinas foram apresentadas, farmacêuticas divulgaram altas taxas de eficácia das vacinas, algumas acima de 90%.
Naquele momento, em dezembro de 2020, a FDA (Food and Drug Administration, autoridade sanitária dos EUA), emitiu uma nota em que, depois de reconhecer a efetividade de 95% da vacina em um estudo, dizia: “Neste momento ainda não há dados disponíveis para determinar por quanto tempo a vacina contra a covid dará proteção às pessoas nem há evidência de que ela previne a transmissão de pessoa para pessoa”. Leia aqui a íntegra da nota de 11 de dezembro de 2020 (PDF – 133 kB).
Estudos posteriores mostraram que a efetividade caía a menos da metade depois 6 meses de vacinação. Com isso, os países passaram a estruturar ações de reforço vacinal para recompor a imunidade perdida com o passar do tempo.
No Brasil, a vacina continua a ser distribuída pelo governo federal, tendo crianças e grupos de maior risco (os que podem desenvolver formas graves da doença) como público alvo para reforço semestral ou anual.
O Projeto de Lei PDL 486/3 na Câmara Federal tenta atualmente excluir a vacina infantil do calendário nacional de vacinação. O Ministério da Saúde se posicionou na sexta-feira (31.mai) contra a tentativa.
A ORIGEM DA PANDEMIA
Anthony Fauci, ex-diretor do NIAID (Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infeciosas), ficou conhecido durante a pandemia por embates com apoiadores do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump sobre a aplicação de políticas que restringiam a movimentação de pessoas durante a pandemia.
Fauci foi criticado por congressistas republicanos durante a audiência do Subcomitê da Pandemia de Coronavírus. Entre as críticas, ouviu acusações de que teria tentado suprimir a teoria de que um acidente num laboratório de Wuhan, a China, pode ser o responsável pela pandemia.
No início da pandemia, duas principais hipóteses foram levantadas para o começo da crise sanitária:
- a transmissão do vírus de morcegos para humanos em um mercado de animais vivos em Wuhan;
- um acidente num laboratório do Instituto de Virologia de Wuhan ocorrido pouco antes da pandemia.
A hipótese do acidente de laboratório logo foi inicialmente descartada por parte da comunidade científica, especialmente depois de visita da OMS ao país.
Os trabalhos da organização, no entanto, foram questionados posteriormente por outros cientistas de prestígio, que acreditam que a hipótese do acidente é a mais provável. Um longo relatório elaborado em 2021 por agências de inteligência do país disse que ambas as hipóteses eram possíveis.
Leia neste texto os principais argumentos de cada uma das teorias.
Fauci, que foi adepto da teoria do mercado de Wuhan, negou durante sua fala no Congresso na segunda-feira que tenha tentado suprimir do debate público a teoria de que a pandemia poderia ter sido originada no acidente de laboratório.
O imunologista e congressistas democratas disseram que a alegação é “teoria conspiratória”. Assista abaixo:
Fonte/Créditos: Poder 360
Créditos (Imagem de capa): O imunologista Anthony Fauci deixou o cargo de diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA no final de 2020
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